sábado, 19 de abril de 2014

GREVE, POLÍCIA, POLÍTICA, ELEIÇÕES E O POVO


Os últimos dias foram marcados por mais uma greve no Estado da Bahia, deste vez por parte dos Policiais Militares.


Foi uma greve anunciada, uma greve recheada de contornos "especiais", que misturou a pauta de reivindicações da corporação e interesses políticos, e que trouxe um incalculável prejuízo aos empresários do Estado, insegurança e terror para o principal prejudicado : o povo.

Num passado não muito distante, o Sr. Jacques Wagner - atual Governador do Estado da Bahia, fez fama como atuante líder sindical, liderando greves, negociando condições com o patronato. Hoje, vive o "outro lado da mesa".

Em 2012, período eleitoral, Salvador - e o Estado da Bahia - viveu a maior e pior greve da sua história, comandada pelo mesmo Soldado Prisco (que posteriormente seria eleito Vereador de Salvador) com cerca de 10 dias de greve, mais  de 140 homicídios registrados e, coincidência ou não, a vitória do DEM na sucessão municipal, sobre o PT. E, politicamente, todos sabem que uma nova greve traria prejuízos incalculáveis para a candidatura do PT ao Governo do Estado.

O tempo passou e em ano igualmente eleitoral, 2014, desta vez a sucessão estadual, onde o DEM coordena e lidera a chapa de oposição contra o mesmo PT de 2012, o mesmo Marco Prisco - agora Vereador - mais uma vez liderou um processo de greve, que trouxe pânico, caos, insegurança e uma onda de violência em todo o Estado da Bahia.

Nestes "dois dias" de greve, a cidade virou um caos. Cidadãos promoveram diversos saques em inúmeros estabelecimentos de nosso Estado, diversos homicídios aconteceram, cerca de 50, cidadãos de bem se transformaram em reféns de uma cidade sem lei, empresários sofreram prejuízos enormes tanto em virtude de saques e desordem quanto pela falta de público que ficou em casa com medo de sair de seus lares. Um verdadeiro pandemônio.

E no meio de toda esta história, ainda tivemos o Deputado Capitão Tadeu - apoiador da greve, o prefeito ACM Neto - assistindo toda a situação de camarote e a Guarda Municipal, que foi criada para complementar a segurança em nossa cidade e, se recolhendo em plena greve no momento em que a população mais precisava dela sob a alegação de que as ruas não estariam seguras (???) para a força municipal de segurança.

Criou-se um cenário político complexo, mas igualmente previsível, uma vez que este expediente vem sendo amplamente utilizado como "tática de guerrilha política" assim como foi em 2001 e 2012 na Bahia, apenas para exemplificar.

Na humilde opinião deste que vos escreve, o que acabamos de presenciar não foi uma greve, mas um motim. Um motim liderado por um ex-policial, que buscou fazer carreira política liderando movimentos não apenas na Bahia mas em diversos locais do Brasil, apoiado por um parlamentar que deveria trabalhar a favor da lei e da ordem. Na minha visão, o que vivenciados foi uma atitude totalmente anticonstitucional, uma vez que a nossa Constituição Federal proibe expressamente a greve de policiais militares, uma vez que a hierarquia e a disciplina são os principais pilares de qualquer que organizaçao militar, e que quando tais pilares tombam, o que vemos é exatamente aquilo que vivenciados em 2001, 2012 e agora em 2014 : Desordem, bagunça, crime generalizado e o caos.


Apenas para contextualizar mais ainda todo o cenário político, me permito citar o quanto todos os nossos partidos políticos tem interesse neste momento de greve. Vamos ao personagem principal deste movimento, o Marco Prisco, o ex-policial, agora preso na Papuda ao lado de José Dirceu e Genoíno, é atualmente vereador pelo PSDB (que na Bahia apóia a chapa da oposição, capitaneada pelo DEM). Com a sua prisão, o Deputado Estadual Capitão Tadeu, do PSB (partido que disputará as eleições presidenciais contra o PT) buscou incendiar mais ainda a já inflamada tropa, a convocando para reativar a greve, "em represália à prisão de Marco Prisco". 

Temos ou não temos muitos interesses políticos em jogo ?

Qual a opinião de vocês .