segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pior que a Crise Financeira é a Crise de Liderança


Esses dias lendo o jornal vi uma nota que uma determinada empresa estava fechando as portas e o colunista atribuía esse fechamento à crise.
Aí pensei, olha a crise aí fechando empresas e tomando postos de trabalhos. Cuidado com a crise, que a crise te pega daqui, te pega dali, te pega de lá.
Mas ao fazer um flashback das últimas vezes que estive nessa empresa só me lembrei de coisas nada agradáveis: produtos desatualizados, instalações antigas, sem manutenção adequada e o pior de tudo, um péssimo atendimento. Também lembrei que não ia mais voltar nessa empresa por tudo isso que testemunhei.
Não foi a crise que fechou essa empresa como tantas outras que estão fechando ou encolhendo. O momento de retração financeira apenas abreviou o que já estava no script há muito tempo e que se retardava a acontecer devido ao período da bolha de prosperidade que vivemos nos últimos anos, principalmente com a ascensão das classes C e D que com sua avidez de consumir as novidades desse novo mundo não foram tão exigentes em relação à qualidade dos produtos e serviços que pagavam e tudo isso estava bom. E estava mesmo, para todos. Só que esse cenário todo causou acomodação, uma enorme zona de conforto em parte dos empresários. Em muitas empresas não houve melhorias, não houve inovação, não houve reinvestimentos e o resultado vai ser debitado agora para a crise, mas pagos por todos nós.
Realmente passamos por um momento de retração financeira, resultado de uma inconsequente política econômica que gerou uma bolha de prosperidade que estourou agora e nos traz reflexos que ninguém gostaria, mas atribuir todos os problemas à crise ou é muita ingenuidade ou é não querer admitir os erros, sendo muito mais fácil jogar a culpa na crise.
Pior que qualquer crise financeira, o grande problema que vem acontecendo há algum tempo em muitas empresas é a crise de liderança.
Vamos voltar ao caso isolado da empresa em questão, mas que caso semelhante acontece em muitas empresas por esse Brasil afora. O que faltou para que houvesse atualização e inovação em seus produtos? Que houvesse um ambiente adequado, confortável e atrativo aos funcionários e principalmente aos clientes?  E fundamentalmente que houvesse excelência em atendimento capaz de gerar negócios e fidelização dos clientes, proporcionada através de treinamento, acompanhamento, direcionamento e motivação dos funcionários?
Faltou um líder, um profissional preparado e capacitado para enxergar todos essas necessidades e porque não dizer todas essas oportunidades, pois a meu ver toda necessidade é um lead, é uma grande oportunidade a ser explorada e conquistada. Um líder que transformasse um grupo em uma equipe, onde todos se preocupassem e cooperassem com o desenvolvimento de todos. Um líder capaz de conduzir todos ao engajamento.
Mas será que essa empresa não tinha um gerente, supervisor, coordenador ou qualquer outra denominação de líder que o mercado utiliza? Com certeza tinha. Mas essa empresa tinha um líder? Muito provavelmente não.
Recrutar, interna ou externamente um profissional, mas que não tem as características e qualificações inerentes a um líder e atribuir-lhe um salário um pouco maior que a base e chamá-lo de gerente, supervisor, coordenador, gestor, encarregado ou qualquer outra denominação geralmente utilizada aos cargos de liderança não o tornará um líder.
Fazendo uma análise de minha trajetória profissional, constatei que os melhores resultados e desenvolvimento da minha carreira e de minhas equipes foram nesses períodos que todo mundo chamava de crise. Nesses momentos os profissionais melhores preparados, com visão estratégica, determinação e que fazem as coisas acontecerem se sobressaem. Aqueles que ficam reclamando da crise, bem esses ficam só com a crise mesmo.
Pior que a crise financeira que tantos insistem em superavaliar é a crise de liderança o maior problema na maioria das empresas, mas que muitos do mercado parecem não querer perceber. E essa crise seria tão mais fácil de superar com líderes de verdade.

Escrito por :
Ezequiel R. Braz
Líder Comercial