sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O MASCOTE SEM CHUTEIRAS DECIDIU

É verdade ! O mascote sem chuteiras decidiu !

Bem que poderia ser tema de um filme premiado com o Oscar de melhor roteiro, melhor ator e melhor direção.

A história de um garoto humilde, que passou dificuldades em sua vida, que sequer tinha como comprar um par de calcados. Luta, e se torna decisivo no momento certo, quando a nação dependia dele. Não apenas a nação, mas o mundo inteiro. E este Super-Homem salva o mundo, e a multidão respira aliviada.

E foi assim.

Mas isso é assunto para o final deste texto. Vamos agora falar sobre a bela e sofrida classificação dos garotos tricolores na copinha.

O Bahia iniciou o jogo como o grande favorito. Invicto, 100% de aproveitamento na competição, defesa inviolada - não havia tomado um gol sequer na competição - e acabara de eliminar o atual campeão da Copa Sao Paulo de Futebol Junior, o "todo poderoso" Corinthians. O adversário, o Juventude, vinha como franco atirador, respeitando o Bahia, mas preparado para pregar uma peça no Super Homem tricolor. Para quem não sabe, o Super-Homem é o mascote oficial do Esporte Clube Bahia, o querido tricolor.

O jogo foi feio, num gramado maltratado, de nível técnico abaixo do esperado - talvez o pior jogo que eu tenha assistido nesta copinha - e com pouquíssimos e raros momentos de emoção.

Os times abusavam de chutões, aguardando as falhas da equipe adversária.

O Bahia, melhor em campo, tentava pela direita com o voluntarioso Railan - o lateral direito do time, que também anima a torcida tricolor entrando em campo vestido com a fantasia do mascote tricolor -, explorava o bom lateral Eric, contava com a habilidade do arisco Ryder, e se tranqüilizava com uma zaga firme e um goleiro ainda impenetrável na competição.

O Juventude acuado, buscava as falhas e o contra-ataque, mas sempre esbarrava na péssima pontaria de seus atacantes de qualidade duvidosa.

Foi realmente um jogo de dar sono. Os poucos momentos realmente carregados de emoção se resumiram em um lance aos 12 minutos do segundo tempo e uma cabeçada do Bahia, aos 41 minutos do segundo tempo bem defendida pelo goleiro alvi-verde.

E o time 100% de aproveitamento, pela primeira vez na copinha não terminava o jogo na frente de seu adversário. Mas sua defesa, continuava impenetrável.

E como estamos na fase do mata-mata, eis que a disputa de penaltis se fazia necessária para que fosse decidido o time a disputar as quartas de finais da copinha.

E então a loteria dos penaltis começou.

E o que faltou em emoção durante os 90 minutos, sobrou na disputa de penaltis.

Foram 12 cobranças para cada time.

O Bahia desperdiçou por três vezes a oportunidade de fechar o caixão alvi-verde.

E o grande goleiro Renan, literalmente fechou o gol. Defendeu 4 cobranças. E também fez o seu.

E ao final, os jogadores que iniciaram as cobranças (Ermel pelo Juventude e Railan pelo Bahia) foram responsáveis pela ultima e emocionante cobranca, de um lado e do outro.

Ermel, que teve sua primeira tentativa defendida pelo ótimo goleiro Renan, mais uma vez foi impedido pelo Paredão tricolor.

E Railan...ah, Railan. Ele foi o grande personagem do time nesta noite. Além de ser o lateral-direito titular e herói da noite, é também o mascote do time profissional, se vestindo de Super-Homem e animando a torcida nas partidas do Bahia em Salvador. Passou por uma bela experiência de vida em Araras. As 15 anos, quando jogava por uma equipe pequena do interior de Minas Gerais, em um jogo ele teria encontrado com Marcelo Castilho, preparador de goleiros, e lhe pedido um par de chuteiras, pois não tinha condições de comprar. Castilho prontamente teria tirado as chuteiras que estava usando e entregue a Railan. Três anos depois, nesta Copa São Paulo, os dois se reencontraram e Railan pôde retribuir o ato, podendo dar o seu par de chuteiras ao mesmo Marcelo Castilho.

E Railan, o lateral direito, o mascote, o super-homem, que ja havia marcado na sua primeira cobrança, não decepcionou e deu números finais ao jogo com uma bela cobrança, garantindo o tricolor nas quartas de finais da copinha.

Não poderia ser melhor, não poderia melhor personagem concluir esta bela história. Railan. O mascote sem chuteiras. O Super-Homem tricolor.

Renan foi muito bem, foi decisivo no jogo, mas que ele me desculpe. O nome da noite foi Railan.

Parabéns Railan. Parabéns Bahia.

Alguém duvida de que este time vai longe ? Eu não.

2 comentários:

  1. Rapaz, emocionante!!! Você está se superando a cada dia com textos mais interessantes e muito bem escritos!!! Agora que venha o Grêmio!!!

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  2. Que história linda e emocionante!!!

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