VENDO MINHA VIRGINDADE, QUEM QUER ?

Calma, calma...meu corpo não está a venda, muito menos minha virgindade !

O título apenas chama a atenção de todos para um assunto que fez parte dos noticiários nos últimos tempos, a venda da própria virgindade sob um suposto “motivo nobre”, e que tomou uma proporção maior do que eu particularmente imaginava, onde esta “venda” está sendo negociada para que se transforme em um Reality Show (!), cujo contrato com um distribuidor internacional de conteúdo televisivo já foi assinado (!).

Ufa...esclarecida a razão do título do post de hoje, vamos aos fatos :

Tudo começou quando a catarinense Ingrid Migliorini, de 20 anos, conhecida como Catarina, que leiloou a virgindade por US$ 780 mil, o equivalente a mais de R$ 1,5 milhão, em novembro de 2012. Foi um verdadeiro alvoroço...notemos que a venda desta virgindade foi “promovido” por um site australiano (Virgins Wanted) que, também, leiloou a virgindade de um rapaz russo. Em tempo, a catarinense vendeu o seu “produto” a um japonês de aproximadamente 50 anos e não o entregou, desistindo do negócio antes da conclusão – não sem antes jantar com o “japa”, jantar este provavelmente pago por ele. Um típico caso para nossos advogados especializados em “Defesa do Consumidor”.

Motivada pelo “pioneirismo” da catarinense, outra garota – desta vez do interior da Bahia – resolveu também leiloar sua virgindade, publicando um vídeo no You Tube. Esta não teve melhor “sorte”, uma vez que o “Virgins Wanted” aparentemente não se interessou por ela, e depois dos seus quinze minutos de fama, não se ouviu mais falar dela, nem se vendeu sua virgindade, muito menos se entregou o “produto” vendido.

Ora, depois de tanta luta das mulheres e seus movimentos em defesa do feminismo (ou qualquer coisa que se assemelhe à valorização da mulher) para que as mesmas não fossem vistas apenas como um “objeto’ ou “pedaço de carne”, não estariam “remando contra o movimento” estas duas belas, doces e jovens “moças” (siiiiiim, se elas estão comercializando a virgindade, tudo indica que são ainda moças...caso contrário, estariam incorrendo em crime de “propaganda enganosa”) ? Este comentário foi apenas para trazer mais um ponto para discussão, garanto que voltarei ao assunto no próximo parágrafo.

Voltemos à venda da virgindade.

Até onde eu sei, que me corrijam os mais entendidos se for o caso, a venda do corpo por qualquer quantia em dinheiro é tida como “prostituição”.

Pergunto, então, aos advogados, duas questões : 

1- Até onde sei, também, promover a prostituição é algo controverso (não posso afirmar se é ou não crime).

2- Não estaria, então, esta moça (?) cometendo dois erros, passíveis de punição por parte de nossa justiça ?

São estes dois pontos a se pensar, além de outros tantos que poderíamos levantar hoje – e sempre.

Vamos a mais alguns aspectos, agora mais “sociais” e preocupantes do que o ato da venda da suposta virgindade. 

A mídia, e seu poder de disseminação da informação, jogou seus holofotes para o caso da catarinense. Dá ibope. Deu ibope. Sabe-se lá por que razões (imagino, tenho certeza, mas não posso afirmar aqui...não aqui). A informação deste ‘escambo” do corpo por dinheiro virou notícia, virou “moda”, e virou também motivo de piada.

A internet, com seu poder de multiplicação de fatos, levou outras jovens a fazerem o mesmo que a catarinense, que a baiana, e com isso poluiu mais ainda a nossa já poluída sociedade, onde a moral, os bons costumes, a ética e outros tantos valores que eu aprendi quando criança já não tem mais tanta importância quanto o dinheiro, a fama e o ganho fácil.

Sociedade deturpada, a que vivemos atualmente. Sociedade com valores e pessoas duvidosas. Sociedade mercantilizada, que trata o corpo como produto, que trata a opinião pública como alvo, que trata o indivíduo como uma marionete a ser manipulada.

Desculpem a briga com a sociedade, vou voltar ao caso da venda da virgindade.

Pergunto a vocês, amigos e amigas, pais e mães, o que responderão caso suas filhas, seus filhos, lhes digam que irão vender suas virgindades ?

Questiono a vocês, amigos e amigas, sejam pais e mães ou não, que ação a sociedade pode tomar em defesa da boa orientação a nossas crianças e adolescentes ?

Lutamos, diariamente, contra conteúdos televisivos, contra os maus exemplos dados por nossos homens públicos, contra as ações incorretas de alguns de nossos líderes religiosos ?

Ou não fazemos nada ?

A construção de uma sociedade correta passa, imprescindivelmente, pela formação do caráter de nossas crianças, pela correção nas ações de todos os indivíduos, pela preservação da ética e dos sadios costumes. E isso depende também de nós.

Se não lutarmos fortemente pela preservação dos valores, em breve teremos anúncios e mais anúncios em outdoors, revistas, jornais, além de folheteria nas ruas, com promoções e vendas de “virgindades”, com os dizeres : “VENDO MINHA VIRGINDADE. QUEM DÁ MAIS ?”.

Espero não viver para isso.