quinta-feira, 4 de abril de 2013

MEIAS DE CRIAÇÃO: ONDE ESTÃO?

Recentemente estava conversando com meu grande amigo Ednei Teófilo sobre futebol, em especial sobre um tipo de jogador cada vez mais raro nos gramados do Brasil e até mesmo do mundo: os meias de criação!

Entre um e outro petisco, relembramos, com certa nostalgia, grandes nomes que atuaram na posição: Zico, Sócrates, Bobô, Zenon, Neto, Rivaldo, Platini, Zidane, Maradona, Raí...fora os que não vimos jogar como Rivelino, Gérson, Tostão, Dirceu Lopes, Eliseu, Douglas...

Como começamos a ver futebol na década de 80, recordamos que todo grande time desta época tinha um ou dois bons meias de criação. Meias que jogavam muito com a bola nos pés e que faziam o jogo fluir com seu toque de bola diferenciado e seus lançamentos precisos.

O jogo era outro! Muito mais bonito e mais técnico que atualmente, em que o preparo físico e as disputas mais duras prevalecem. Seria este o motivo de termos tão poucos meias de criação atuando hoje em dia?

Sinceramente, não sei responder, embora entenda que este pode ser um dos principais motivos. Atualmente vemos os chamados meia atacantes, jogadores de características bastante diferentes daqueles que fazem o jogo fluir.

Há uma preocupação maior em conduzir a bola. Como existe carência de espaços, os lançamentos são cada vez mais raros, exceto nos contra golpes rápidos em que as defesas estão desarrumadas e a bola cai no pé de alguém que consiga fazer esta bola andar.


Cresci ouvindo os treinadores de futebol falando que quem corria era a bola. Naquela época era muito comum se diferenciar os jogadores mais técnicos dos velocistas, sendo que os últimos precisavam muito dos passes dos primeiros para terem sucesso.

Hoje vemos poucos meias verdadeiramente de criação. Em nosso bate papo, por exemplo, fomos fazer um breve levantamento e nos lembramos de poucos jogadores com esta característica: Zé Roberto (Grêmio), D'Alessandro (Inter), Alex (Coritiba), Douglas (Corinthians), Ronaldinho Gaúcho (Atlético/MG) e talvez o que mais se assemelha aos meias de antigamente Paulo Henrique Ganso (São Paulo).

Prova disso é não termos ainda a definição sobre o dono da camisa 10 da seleção. Existe uma enorme variedade de volantes, uma safra repleta de bons jogadores nesta posição. Contudo, meias são muito poucos. Talvez isso se explique pela maneira que os treinadores armam os times.

Existe uma preocupação enorme em montar um bom sistema defensivo e o meio campo vem sendo tomado pelos volantes. Os times jogam com dois, três e, em alguns casos, até mesmo com quatro volantes, sendo que aquele de maior qualidade faz a função que seria do meia.

Com mais volantes, há menos espaço para os meias. Nas categorias de base, os jogadores com maior talento tendem a se tornar atacantes. Os volantes mais técnicos e que se destacam passam a atuar mais avançados e abrem espaço para mais um jogador de pegada no meio.

Talvez isso explique um pouco melhor a extinção de jogadores tão brilhantes. Talvez na base não se dê mais espaço à técnica. Talvez a pressão por resultados faça com que jogadores mais participativos e menos brilhantes joguem com mais frequência (basta ver o exemplo de Ganso no São Paulo).

Muitas hipóteses podem ser levantadas. De certo mesmo é a falta que faz vermos mais jogadores com qualidade para serem meias de criação! Jogadores que quando tocam na bola já se espera algo de diferenciado.

Meias de classe, futebol refinado, que parecem imprimir nos jogos em que participam um selo de qualidade. É verdade que o futebol mudou, evoluiu... e não quero aqui ser saudosista, mas o jogo bem jogado e mais técnico é muito mais bonito.

Uma pena que estes jogadores estão cada vez mais raros! Só quem perde com isso é o futebol e a beleza deste jogo que fascina tantas pessoas mundo afora. Os treinadores deveriam pensar nisso!

Espero que não aconteça com os meias de criação o mesmo que aconteceu com os tão amados pontas: extintos com a nova dinâmica do futebol. Que estes poucos jogadores com estas característcas possam continuar a inspirar as novas gerações e que os meias voltem a se proliferar nos gramados!

Um comentário:

  1. É meu amigo Reverendo, nosso bate-papo rendeu um belíssimo texto, estou lendo e lembrando desta época, que deixou saudade em nosso futebol, meias criativos, jogadores de cabeça erguida no meio campo para saber onde direcionar o seu passe, coisas deste tipo deixa o futebol muito mais bonito de se ver, quanta saudades dos jogadores que atuavam pela meia esquerda... Espero que o tempo e a formação da base, traga de volta estes grandes jogadores e que o futebol volte a ter o brilho que nós fomos acostumados a ver....Parabéns pelo texto.

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