quinta-feira, 21 de março de 2013

FONTE NOVA. VELHAS LEMBRANÇAS - 2

Quando conversei com George Branco sobre a ideia deste especial, nos lembramos de inúmeros momentos que vivemos na antiga Fonte Nova e ficamos muito empolgados com as diversas boas histórias que recordamos, jogadores que pisaram naquele gramado e jogos inesquecíveis.

A ideia inicial era coletar depoimentos de torcedores comuns como nós e personalidades que frequentavam o estádio. O objetivo: ouvir destas pessoas histórias sobre um momento marcante que viveu no Otávio Magabeira.

Contudo, chegamos a conclusão de que é muito difícil destacar apenas um momento marcante. Afinal a Fonte Nova foi palco de grandes alegrias, frustrações, euforia, decepções...


Por isso, assim como meu companheiro de blog em seu texto (http://sobretudofc.blogspot.com.br/2013/03/fonte-nova-velhas-lembrancas.html), resolvi abordar meus primeiros anos vividos naquele gigante de concreto.

Não me lembro ao certo quando foi a primeira vez que fui à Fonte Nova. Sei apenas que eu era muito pequeno, com cerca de 2 para 3 anos eu já acompanhava meu pai aos jogos, mais pela folia e pelo passeio do que pelo futebol dentro de campo. 

Somente aos 4 ou 5 anos comecei a entender melhor e aí já estava contagiado por esta paixão que é o futebol e este amor incondicional pelo Esporte Clube Bahia. Era impossível para uma criança na minha idade não se encantar com o colorido das arquibancadas e das bandeiras em azul, vermelho e branco. O sangre tricolor já corria em minhas veias!

Meu pai tinha cadeira cativa e me lembro que a entrada era feita perto de onde se localizavam as Tribunas de Honra, ali atrás da Telebahia do Campo da Pólvora. Enquanto meu pai apresentava a carteirinha de número 1028 (ele falava com voz grossa: "dez vinte e oito"), eu passava por baixo da catraca e poucos passos à frente me deparava com aquele cenário que marcaria para sempre minha vida.

A cadeira cativa era repleta de grandes figuras. A começar pelo companheiro de meu pai no estádio: Nem. Assim como Pepão (meu pai), Nem também era bem gordo e os dois sentavam na primeira fila de baixo para cima no anel superior do estádio. Era uma dupla de peso.

Foi com eles que aprendi meus primeiros palavrões, em especial quando a arbitragem prejudicava o Tricolor de Aço. Os xingamentos eram os mais variados possíveis e naquele ambiente ninguém era recriminado por usá-los. Achava aquilo o máximo, o supra sumo da liberdade. Apesar disso, meu pai sempre me dizia para não falar palavrões, exceção feita a Fonte Nova, onde eu me esbaldava.

O que falar das guloseimas: pipoca, amendoim, quibe, cachorro quente, rolete de cana...o estádio era um verdadeiro passeio gastronômico. Lembro até hoje o nome de muitos vendedores e seus respectivos produtos. Luciano vendia a melhor pipoca da Bahia, Jorge trabalhava com amendoim e depois passou a vender quibe e o gigante Hulk (o cara era enorme e muito forte) vendia a tradicional limonada no tambor de inox.

Naquele tempo, ir à Fonte Nova era muito mais que assistir aos jogos. Era uma experiência mágica para uma criança que contava os dias para voltar àquele mundo de alegrias. Eu cresci na década de 80 vendo o Bahia brocar todos os times do Brasil e até do exterior dentro de sua casa.

E não importava contra quem o Esquadrão ia jogar. Fosse o Redenção, Leônico, Estrela de Março, ABB ou Flamengo, Vasco, Corinthians,Grêmio... certo é que meu pai e eu estaríamos lá.

Vi grandes jogos, vivi enormes emoções, presenciei o surgimento de grandes times do Bahia. Também sofri com as derrotas, chorei com as perdas de títulos e sempre me emocionei quando entrava no estádio.

Certo mesmo é que a Fonte Nova sempre foi uma espécie de segunda casa de quem gostava de futebol na Bahia. Um espaço democrático em que ricos e pobres sentavam juntos, pretos e brancos se abraçavam na hora dos gols e onde as pessoas esqueciam um pouco dos seus problemas do cotidiano para viver 90 minutos de emoção.

A velha Fonte está para sempre nos corações de quem frequentou o estádio. E comigo não é diferente! A Fonte Nova é parte de minha vida e tenho certeza que da vida de muitos que estão lendo este texto.

Com isso vou me despedindo e aproveito a oportunidade para pedir a colaboração de todos com histórias vividas na Fonte Nova. Vamos manter vivas em nossas memórias as boas lembranças. 

Enviem para nós suas histórias através dos e-mails jrreverendo@yahoo.com.br ou george.branco@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário